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Tipos de brinquedos

As crianças sempre tiveram brinquedos: os bebés são capazes de transformar qualquer objeto num brinquedo.  Por seu lado, os adultos tendem a transmitir-lhes objetos do seu próprio mundo, reinventados ou adaptados, com a finalidade de os proteger e os iniciar, de os fazer participar numa cultura, numa sociedade, num género... E se for possível, de maneira divertida!

6min ler Jan 26, 2017
Guizo de ouro, marfim ou plástico?

Já na Pré-história os pais, e até as próprias crianças, inventavam brinquedos: pedras polidas, conchas, ossinhos, pequenas estátuas... Não existem ainda respostas para  as interrogações acerca dos variados objetos encontrados nos habitats neolíticos: eram usados pelas crianças para brincar? Eram objetos mágicos, divinatórios ou de culto, usados num ritual? Já nas origens do homem é possível observar que um brinquedo não era simplesmente um brinquedo e que talvez estivesse relacionado com a magia e representasse um papel primordial na transmissão cultural dos adultos às crianças. Quando o bebé nasce, as fadas juntam-se ao redor do berço; o que se procura é sobretudo a proteção, os objetos favoráveis, capazes de afastar qualquer ameaça. Esta parece ser a origem do primeiro brinquedo de bebé, o  guizo, denominado "crepitacula" em latim (de crepitāre, fazer ruído): com forma de disco ou animal, estava feito de metal ou argila, e continha pedrinhas ou sementes no seu interior. A sua principal função, para além de entreter o bebé,  era dar-lhe proteção: o seu som afasta os maus espíritos e as doenças. Porém, os guizos também tinham a sua função no mundo dos adultos, onde eram usados como instrumentos de música cerimonial. Nessa época, a fronteira entre o objeto sagrado e o brinquedo infantil não estava completamente definida.

Na Idade Média o chocalho começa a ser fabricado em osso, corno ou até coral, que possuía uma cor vermelha com supostas virtudes protetoras. O guizo parecia estar dotado de certas propriedades mágicas e virtudes medicinais e, nalgumas ocasiões, era colocado junto a uma presa  de lobo que supostamente afastava o diabo e favorecia o crescimento dos dentes. Mais tarde, os pais passaram a oferecer aos seus filhos  guizos de ouro, prata ou marfim, decorados com pérolas e fitas de seda... Talvez excessivo luxo e peso para o frágil pulso de um bebé? A grande revolução no universo dos brinquedos sucedeu no século XX: a partir dos anos 1930-1940, o plástico permitiu fabricar brinquedos leves, flexíveis, mais ou menos sólidos, manipuláveis, maleáveis, de qualquer tamanho ou forma e totalmente adaptados às crianças.

 

Brinquedos de bebé para construir e inventar ou brinquedos para imitar os adultos?

Graças à máquina de injeção de plástico que adquiriram em 1947, a família Christiansen (uma família de carpinteiros que em 1934 teve a ideia genial de inventar o Lego) acabaria por inundar o mundo com 190.000 milhões de tijolos em miniatura de várias cores no ano 2000... Na verdade, foi a partir do século XVIII que se começou a dar uma atenção especial à educação das crianças e, nesse contexto, se concederam ao jogo virtudes pedagógicas. Dessa maneira, foi a ocorrência do "aprender brincando" que deu origem aos jogos de construção. Os simples cubos de madeira, seguidos pelos Meccano, foram os antecessores dos Lego.

Anteriormente, os brinquedos das crianças estavam baseados na noção de imitação: os bebés da era romana que começavam a caminhar arrastavam modelos reduzidos de carruagens, realizados em barro cozido ou bronze, ou montavam (como os bebés de hoje) nos seus veículos de pedais ou em carruagens de madeira puxadas por um animal ou por outras crianças. Ao falarmos de imitação, falamos de função social e diferenciação de sexos. A partir dos 3-4 anos os meninos mais novos tendem a imitar os rapazes mais velhos ou o seu pai, ou seja, a reproduzir atividades "masculinas"; e as meninas fazem igual com indivíduos do sexo feminino. As bonecas da antiguidade, feitas de terracota, osso, ébano ou marfim, e com membros articulados, representavam frequentemente a raparigas ou mulherzinhas. Estariam, como as cozinhas de brincar, exclusivamente destinadas às meninas para que se familiarizassem com o seu futuro papel dentro da sociedade? Sucedia desse modo na Europa do século XVII, onde os meninos brincavam à guerra com soldadinhos de estanho e mais tarde de chumbo. Robots, Spiderman e outros tecno-heróis contra o Meu pequeno pónei e Barbie: as coisas não mudaram tanto nos nossos dias. 

 

Reconverter, destruir, inventar (mais tarde já organizaremos...)

Felizmente, as crianças possuem uma grande capacidade de invenção quando usam os seus brinquedos. São os nossos filhos os que dotam de vida e de sentido os brinquedos: nesses casos, uma boneca completamente normal, transforma-se num pretexto para representar a destruição e a morte, uma válvula de escape formidável para as crianças.

De facto, é possível que já tenha reparado na inclinação do seu  filho pela demolição, uma forma de destruição. É extremamente divertido derrubar o edifício de Lego, tombar, atirar ao chão, desarmar o camião dos bombeiros... Desfazer, desmontar, é frequentemente apaixonante para os bebés por volta dos dois anos, antes de estar completamente preparados para se embrenhar na construção. Em apenas um quarto de hora o quarto fica totalmente desarrumado, como se tivesse passado um terramoto. Parece evidente que os seus filhos não  deram aos brinquedos o uso que era suposto dar-lhes: até parece que o quarto  foi saqueado...

 

As crianças mais novas estão constantemente obrigadas a respeitar numerosas proibições e limites. O jogo oferece-lhes um espaço de liberação absolutamente imprescindível. O psiquiatra infantil Winnicott faz uma distinção entre o jogo organizado, educativo ou social, e o jogo livre: no primeiro caso o que interessa é que os adultos interajam com a criança, nos momentos  em que está concentrado e com vontade de aprender. Pelo contrário, no jogo livre, é a criança quem cria um mundo imaginário em que os adultos não podem entrar. A criança afirma desse modo "a sua maneira pessoal de viver". Para Winnicott, que uma criança desfrute enquanto está a brincar, a sós ou na companhia de outras crianças, é um indício certo de que tudo está bem com ela, embora existam algumas outras manifestações que preocupem os pais: chichi na cama, gaguez, falta de apetite ou momentos de melancolia... Brincar é uma experiência vital, do tipo "coisas que fazem que a vida valha a pena". Por esse motivo, deixe que os seus filhos ponham o quarto de pernas para o ar  as vezes que quiserem; é preciso deixar que experimentem e observem a felicidade que sentem. Chegará o momento de aprender a organizar!

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