DIARREIA AGUDA

A criança com diarreia aguda

Artigo
Mar 10, 2023
4minutos

A diarreia aguda nas crianças é, na maioria dos casos, infeciosa e causa grande preocupação aos pais. Saiba quais as causas e como se trata.

A diarreia aguda nas crianças é frequente e, apesar de habitualmente autolimitada, causa preocupação aos pais e uma grande procura de cuidados médicos.

O que é a diarreia aguda?
A diarreia é definida por um aumento do número de dejeções e/ou diminuição da consistência das fezes. As fezes tornam-se geralmente mais moles ou líquidas. Tendo em conta a grande variabilidade das dejeções nas crianças pequenas, é útil haver sempre uma comparação com os hábitos normais da criança.
Geralmente define-se que a diarreia é aguda se durar menos de 7 dias. Após este tempo, a diarreia é considerada prolongada ou persistente, obrigando a outro tipo de estudo e cuidados médicos.

Quais são as causas da diarreia aguda?
Na maioria dos casos a diarreia aguda é infeciosa, a chamada gastrenterite aguda. Ou seja, é causada por um vírus, uma bactéria ou um parasita1. Nestes casos a diarreia pode ser acompanhada de febre e vómitos. Os microrganismos que mais frequentemente causam gastrenterite são os vírus, nomeadamente o rotavírus e o noravírus.
Outras causas menos frequentes de diarreia aguda são a alergia, a diarreia secundária a antibióticos e a exposição a toxinas3. Em alguns casos de infeções extraintestinais, nomeadamente respiratórias ou urinárias, e algumas situações cirúrgicas, como no caso da apendicite, também pode ocorrer diarreia.

Como se transmite a gastrenterite aguda?
Na maioria dos casos de gastrenterite aguda a transmissão dá-se por via fecal-oral. Há contaminação das mãos da própria pessoa ou do cuidador, que posteriormente vai transmitir o microrganismo diretamente a outras pessoas ou contamina superfícies, onde os microrganismos podem sobreviver durante horas. Também pode haver transmissão pelo consumo de alimentos ou água contaminados.

Como se pode prevenir a gastrenterite aguda?
A transmissão dos microrganismos pode-se evitar com medidas de higiene, já que a correta lavagem das mãos evita a transmissão entre pessoas. O cuidado no manuseamento dos alimentos e o saneamento básico são também extremamente importantes.
O aleitamento materno constitui um fator de proteção contra a gastrenterite. A amamentação não só diminui o risco de contrair a doença, como diminui a sua gravidade.
No caso da gastrenterite por rotavírus, existe uma vacina eficaz na prevenção da doença, a qual é administrada nos primeiros meses de vida.

Quais são os riscos para a saúde da criança?
O principal risco da gastrenterite é a desidratação. A perda de líquidos associada à diarreia, muitas vezes agravada pela existência concomitante de vómitos e febre, pode causar desidratação. Na maioria dos casos esta é ligeira, mas quando não tratada, pode evoluir para situações mais graves, com necessidade de internamento hospitalar.
Apesar de na maioria dos casos a gastrenterite em crianças saudáveis poder ser tratada em casa, existem alguns sinais de preocupação que justificam a necessidade de cuidados médicos. São o caso de diarreia em crianças pequenas (< 3 meses), a presença de vómitos persistentes, de um número muito elevado de dejeções (> 8/dia), de diarreia com sangue, de dor abdominal muito intensa ou de sinais de desidratação grave. A desidratação é considerada moderada a grave quando surgem sinais como olheiras muito evidentes, prostração, irritabilidade ou ausência de micções.

Como se trata a gastrenterite aguda?
O mais importante no tratamento da gastrenterite aguda é a reidratação da criança. Esta é idealmente feita com soro de reidratação oral (SRO) administrado de forma fracionada, pois este tem a constituição ideal para substituir os líquidos que a crianças está a perder.
Após o início da reidratação e assim que tolere o SRO, a criança deve iniciar a alimentação. Na maior parte dos casos, esta deve ser uma dieta normal saudável, sem restrições de produtos lácteos. Só se justifica restringir a lactose na dieta em situações de diarreia grave. Nas crianças amamentadas o leite materno nunca deve ser interrompido.
O tratamento com algumas estirpes específicas de probióticos, como é o caso do Lactobacillus rhamnosus GG, é eficaz na diminuição da duração da diarreia, podendo ser utilizados sempre como complemento à reidratação com SRO.
Em alguns casos específicos o médico pode ainda prescrever medicamentos que visam a diminuição dos vómitos ou diarreia.

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