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Refluxo Gastroesofágico

O Refluxo Gastroesofágico ocorre frequentemente em bebés ou crianças e pode causar regurgitação ou vómito. Conheça os sinais de alarme e tratamentos.

Mar 10, 2023

O que é o refluxo gastro-esofágico?
O refluxo gastro-esofágico é a passagem do conteúdo gástrico para o esófago, com ou sem regurgitação ou vómito. É um processo normal, que ocorre frequentemente em bebés, crianças e adultos saudáveis.

Porque acontece nos bebés?
Na maior parte dos casos, esta condição deve-se à imaturidade própria da idade, em que existe uma maior facilidade para o conteúdo do estômago subir para o esófago, em vez de avançar para o intestino. Muitas vezes, estes bebés estão também a ingerir uma quantidade de leite superior ao que necessitam, pelo que a probabilidade de haver regurgitação é maior. O mecanismo é semelhante quando acrescentamos água a um copo que está quase cheio: se ultrapassar o limite, vai transbordar.

É muito frequente?
Ocorre em cerca de 50% dos bebés com menos de 6 meses de idade, melhorando a partir dessa altura, com a passagem para uma postura mais ereta e com a introdução de alimentos sólidos. Normalmente desaparece até aos 18 meses de idade.

Como se manifesta?
Nos bebés, o mais comum é a presença de regurgitação após as refeições (os bebés “bolçadores”), que por vezes pode estar associada a vómitos. Na maioria destes casos não existem outras manifestações associadas e os bebés evoluem bem de peso, pelo que se considera um refluxo gastro-esofágico não patológico ou não complicado.

Quais são os sinais de alarme?
Quando o refluxo gastro-esofágico está associado a irritabilidade durante ou após as refeições, recusa alimentar, má evolução de peso, choro excessivo, alterações do sono ou sintomas respiratórios, considera-se que o refluxo gastro-esofágico é patológico. Nestes casos, chamamos “doença do refluxo gastro-esofágico”, o que implica uma vigilância e tratamento específicos.

Existe algum exame para o diagnóstico?
Na maioria dos casos, e na ausência de sinais de alarme, a avaliação médica é suficiente para diagnosticar um refluxo gastro-esofágico não complicado. Nos casos duvidosos,podem ser realizados exames complementares de diagnóstico, tendo sempre presente que não existe nenhum exame ideal.

Como se trata?
A primeira abordagem passa sempre pela implementação de medidas conservadoras, que geralmente são suficientes em situações de refluxo gastro-esofágico não complicado. Deve ser avaliado o excesso de ingestão alimentar, as refeições devem ser pequenas e frequentes, os bebés devem ser colocados em posição vertical após as refeições e, em caso de aleitamento materno, este deve ser mantido.

E as fórmulas anti-refluxo?
Devemos ter especial cuidado com a utilização de fórmulas anti-refluxo ou com os espessantes do leite, uma vez que estes diminuem a regurgitação, mas não verdadeiramente o refluxo. Devem ser utilizados após avaliação médica prévia, em casos particulares e eventualmente associados a outras terapêuticas, pelo menor tempo possível.

Que mensagem gostaria de deixar aos pais?
Na sua maioria, os casos de refluxo gastro-esofágico são benignos e resolvem apenas com medidas conservadoras, antes dos 18 meses de idade. Na presença de sinais de alarme, estes bebés devem ser observados pelo seu médico assistente para uma avaliação e orientação adequadas.

Luís Rodrigues
Assistente Hospitalar de Pediatria, Unidade de Gastrenterologia Pediátrica, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
Tio do Diogo de 6 anos e da Maria de 16 meses