Vitamina D
A vitamina D tem um papel importante na saúde óssea, mas também na prevenção de várias doenças. Saiba aqui porque a mesma é tão importante nos primeiros anos de vida.
VITAMINA D
Fala-se muito da vitamina D, mas afinal para que serve?
A vitamina D é um nutriente cuja principal função é a regulação dos níveis corporais de cálcio e fósforo para uma adequada mineralização dos ossos. Contudo, a sua importância não se resume apenas à promoção e manutenção da saúde óssea. Atualmente é-lhe também atribuído um papel na prevenção de doenças crónicas no adulto, como diabetes, doenças autoimunes, neurodegenerativas, infeciosas, cardiovasculares, oncológicas, entre outras.
Como podemos obter a vitamina D?
A principal fonte de vitamina D é a exposição solar, sendo esta produzida na pele através da ação dos raios UVB. É fácil perceber que os fatores que diminuem a exposição solar vão levar a uma diminuição da produção de vitamina D, nomeadamente a latitude, a estação do ano, o vestuário, o estilo de vida, a poluição e as condições meteorológicas. Crianças com pele escura também produzem menos vitamina D.
E através da alimentação?
Embora a exposição solar seja a principal fonte de vitamina D, é possível obtê-la através da ingestão de alguns alimentos, como peixes gordos (salmão, sardinha, atum, cavala), fígado, ovos e cogumelos. Há ainda alimentos que são enriquecidos com vitamina D, como leites e farinhas lácteas para bebés, cereais de pequeno-almoço e produtos lácteos.
Porque é tão importante nos primeiros anos de vida?
Os primeiros anos de vida são cruciais em termos de crescimento e desenvolvimento, sendo os fatores genéticos e nutricionais determinantes. Só no primeiro ano de vida, o peso da criança triplica em relação ao peso ao nascimento e a sua altura aumenta em 50%, o que resulta em exigências elevadas em vitamina D para a produção de massa óssea. Por outro lado, crianças no primeiro ano de vida não devem ser expostas diretamente ao sol, e a partir dos 6 meses devem utilizar sempre fotoprotetor adequado com índice de proteção alto/muito alto. Estas características resultam numa incapacidade em atingir as doses recomendadas de vitamina D, daí a necessidade de suplementação.
A carência de vitamina D é muito frequente?
Estima-se que metade da população mundial apresentará um valor insuficiente de vitamina D, que é transversal a todas as faixas etárias, idade pediátrica incluída. As características do estilo de vida das sociedades desenvolvidas, que se traduzem por uma menor atividade física ao ar livre, associam-se a um maior risco de carência desta vitamina.
Seria de esperar que sendo Portugal um país com bastante sol não houvesse carência de vitamina D, no entanto isso não acontece...
Um estudo de 2020 na população adulta portuguesa demonstrou que 2/3 da população apresenta carência de vitamina D. Da
mesma forma, e apesar de os estudos em idade pediátrica serem escassos, estima-se que um número considerável de crianças e adolescentes saudáveis tenham baixos níveis desta vitamina.
Atualmente a deficiência de vitamina D pode e deve ser encarada como um importante problema de saúde pública, dadas as implicações que apresenta no desenvolvimento de outras doenças.
Em que situações deve ser considerada a suplementação em crianças?
A Direção Geral de Saúde recomenda a suplementação a todos os bebés saudáveis até aos 12 meses de vida, independentemente do seu tipo de alimentação, na dose de 400 UI/dia.
Após os 12 meses, recomenda-se um regime alimentar diversificado e equilibrado, onde estejam presentes os alimentos referidos anteriormente, além de um estilo de vida saudável, com atividades ao ar livre e exposição solar moderada, tendo em consideração as medidas de prevenção do cancro de pele.
Em algumas crianças com doenças crónicas e em situações específicas em que as doses recomendadas não são atingidas também deve ser considerada a necessidade de suplementação, após avaliação médica prévia.
Luís Rodrigues
Pediatra, Unidade de Gastrenterologia Pediátrica, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte