Gravidez
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Sou mãe solteira

Atualmente, criar um filho sozinho é algo habitual. No entanto, continua a ser uma autêntica aventura.

4min ler Jan 25, 2017

O fenómeno não é novo

Sempre existiram viúvos e viúvas, mães solteiras, mulheres separadas ou abandonadas pelos seus maridos ou pais divorciados que têm que tomar conta sozinhos da sua descendência. No entanto, para as crianças o padrão dominante continua a ser "o pai com a mãe". É verdade que este modelo é o da maioria de casais, casados ou não. Os psicólogos reforçam o que é evidente: dois pais são melhor do que apenas um. Neste caso, como enfrentar a situação "pai sem mãe" ou a análoga "mãe sem pai"?

Existe uma família monoparental ideal?

Quando acompanha o seu filho ao jardim de infância, descobre que existem outros pais "sós" e que se trata duma categoria que abrange realidades muito diferentes: divorciados, separados, viúvos e solteiros. A monoparentalidade é cada vez mais comum,  de tal ponto que poderia acabar por instaurar-se como norma. O que fazer, então, do modelo que define papéis diferentes para o pai e para a mãe, ou seja, um pai educador que encarna a autoridade e uma mãe que se dedica completamente ao seu filho durante os seus primeiros anos de vida? A realidade é que criar um filho sozinho já não é uma situação excecional das viúvas de guerra ou das mães solteiras. Embora, em 85% dos casos, seja a mãe a que toma conta das crianças, o número de pais solteiros que vivem com os seus filhos continua a aumentar. Trata-se duma aventura de hoje em dia, uma aventura solitária como consequência dum divórcio ou duma separação. Agora sozinho tem que se encarregar dos biberões, das compras, de levar a criança à creche e de trazê-la de volta, de ir  para o trabalho, de cuidar da casa, etc., mas isso não quer dizer que esteja sempre só. Poderá não estar seguro de ser um bom marido, ou uma boa esposa, para toda a vida, mas pai ou mãe terá que sê-lo forçosamente. O vínculo filial permanece inalterável e salvaguarda a sobrevivência da família.

No entanto, a realidade é muito mais complicada, principalmente quando a separação se produz antes ou a seguir ao nascimento do bebé. Nem sempre é fácil partilhar a custódia (é preciso que os cônjuges morem perto) e esta situação poderia chegar a ser muito estranha e incómoda durante o período de lactância.

 

Sou uma boa mãe? Sou um bom pai?

É habitual que o indivíduo monoparental se pergunte constantemente se realmente está a fazer o correto, às vezes duvida e sente-se culpado. Talvez  devesse formular um outro tipo de perguntas. Por exemplo: o que é melhor para a criança: dois maus ou um bom? Dois pais podem chegar a causar mais problemas do que um só? O pai ou a mãe que está só teme não ser capaz de assumir simultaneamente o papel de pai e mãe; não conseguir representar os dois papéis ao mesmo tempo. Não  deve ficar preocupado/a. Na realidade, não precisa de impor a sua autoridade ao lactante.

O normal é que entre si e a criança surja uma relação simbiótica. Não se aflija mais e não acrescente mais preocupações às que já tem. No entanto, desejava não ter que ser o único responsável das compras, de preparar os biberões, de enfrentar as otites e as noites sem dormir. Infelizmente, não tem direito a tirar a toalha ou a queixar-se da sua má sorte, nem de qualquer outra coisa. Deverá aprender a conciliar o seu papel de mãe ou de pai com a sua vida profissional. A tarefa é árdua e tem que ser corajoso/a. Não pode fraquejar nunca, porque tem de cuidar do seu bebé. Ainda assim, não é saudável guardar todos esses sentimentos. É aconselhável que expresse as suas dificuldades e fale dos momentos em que perde o ânimo. Ficará surpreendido/a ao descobrir quão frequentes são estes estados entre as pessoas que estão à sua volta.

 

Chegou o momento de inventar novos modelos

Que a tarefa pareça difícil e complicada, não quer dizer que acabe por educar futuros delinquentes. Se a criança tem algum problema no jardim de infância, isso não se relaciona necessariamente com o facto de ter uma mãe solteira e de não haver nenhum pai em casa. Desconfie do discurso desses psicólogos que acreditam que a causa é a sua situação familiar. Seria como dizer que todas as viúvas duma guerra criam delinquentes. Apresente ao seu filho modelos com os quais se possa sentir identificado. Ainda assim, lembre-se de que ainda é demasiado cedo; seguramente, quando passarem alguns anos encontrará na mitologia, nos contos de fadas ou nos relatos iniciáticos, personagens muito semelhantes a ele que alimentarão a sua imaginação. A maioria dos heróis teve infâncias idílicas ou pouco comuns: não ser criado como os outros também pode ser um ponto forte, não se esqueça.